O NOVO PASTOR E A CONFISSÃO DE FÉ
Um jovem pastor, confessional, foi convidado para pregar um fim de semana numa grande e antiga igreja, com o fim de ser sondado para assumir o seu ministério pastoral, que há algum tempo estava sem pastor. Iniciou a série de pregações na sexta-feira e, no domingo pela manhã, toda a igreja, encantada com o jovem pastor, fez o convite oficial para que o mesmo assumisse o pastorado de igreja. Precipitado ou não, o convite foi feito! Porém, com a seguinte condição: a igreja teria que passar todas as noites das duas próximas semanas, reunida com o pastor, com objetivo de estudar a confissão de fé de Westminster, capítulo por capítulo. O "proço" pareceu barato à igreja, que aceitou o desafio imediatamente.
Na segunda-feira às 19h30 lá estava em peso; cada irmão com sua Confissão à mão (a maioria empoeirada pelos anos de desuso). Acabada a reunião, os irmãos se entreolhavam, silentes. Na terça-feira, a cena se repetiu, porém, os diáconos e prebíteros já estavam com as suas testas franzidas e ensaiando uma reação. Na quarta-feira, depois da reunião, os diáconos e presbíteros convocaram uma reunião com o jovem pastor para algumas observações. Um diácono já idoso iniciou a fala dizendo ao pastor que ele mesmo não dava importância "a esse negócio de Confissão de Fé, pois isso é coisa de homens", porque segundo ele, "o que interessa é a Bíblia". Ao que o jovem pastor sabiamente replicou: "Aberta ou fechada?". O diácono intrigado, respondeu: "Aberta, claro!". O pastor completou: "Lida ou explicada?". O diácono engoliu seco, olhou à volta, e respondeu: "explicada, é claro!" O pastou emendou: "Segundo a sua interpretação ou segundo a interpretação da Confissão de Fé?" O diácono emudeceu.
O jovem pastor, tendo silenciado a resistência e desnudado o preconceito, amavelmente explicou:
Irmãos, ninguem pode somente ler a Escritura. Imaginem se eu subisse ao púlpito e começasse a ler a Escritura por um longo tempo, e, no final, dissesse: "Amem"? A leitura das Escrituras requer uma interpretação. Quando a lemos, naturalmente, interpretamos. Imaginem os irmãos se cada pastor der uma interpretação particular! Imaginem a confusão! Uma igreja confissional não segue a interpretação particular de nenhum erudito (mesmo o mais preparado), mas segue o consenso. A nossa confissão, por exemplo, foi elaborada por cerca de 150 teólogos, de grande erudição e piedade (e não é facíl juntar erudição e piedade), num momento ímpar da história, os quais gastaram cerca de 6 anos, trabalhando arduamente entre 09h e 16h, de segunda à sexta, no maior espirito cristão, para produzir o que alguns consideram "a mais harmônica interpretação das Escrituras desde os dias dos apóstolos", e guiou a pregação das poderosas doutrinas da graça, pelas quais Deus incendiou o mundo entre os séculos XVI e XVII com o seu evangelho. Se uma igreja da nossa estirpe não zelar pela sã interpretação da Escritura, ela certamente afundará.
As palavras do pastor serviram como um divisor da fé: muitos creram, porém muitos fecharam seus ouvidos para não ouvir e olhos para não enxergar.
[Ilustração veiculada no site da CRBB (Comunhão Reformada Batista no Brasil)] - www.crbb.org.br
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