Pode um Batista ser Reformado?
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Essa é uma pergunta um tanto subjetiva nos dias de hoje. Pois em nossos dias achamos um tanto estranho um Batista dizer que defende as convicções reformadas, ou até mesmo os pontos das doutrinas bíblicas que hoje se chamam de calvinismo. Porém, o que para nós hoje é um tanto estranho para os primeiros lideres Batistas eram totalmente normais. Os batistas sempre tiveram convicções reformada, com ênfase nas doutrinas da depravação total do homem e a eleição. Não é por menos que no decorrer da história dos batistas, eles foram intitulados como “O Povo do Livro”, por causa da sua inabalável convicção de que a Bíblia é a Palavra de Deus. Porém o que está acontecendo com os Batistas de hoje? Deixaram esse pilar da doutrina bíblica para se dedicar a métodos de pregações capazes de persuadir as pessoas a decidirem se querem ou não a salvação eterna. Hoje temos vergonha de ver algumas Igrejas Batistas aderindo aos modelos de crescimento reprovados por Deus em sua Palavra, então nos perguntamos o que aconteceu com aquela igreja confessional que sempre defendeu o verdadeiro Evangelho de Cristo? A doutrina da eleição lança o homem ao pó, enaltecendo e engrandecendo tão somente a Deus em Sua Soberania, Graça, Poder e Misericórdia ao salvar pecadores das trevas. Citarei abaixo palavra de lideres Batistas que não abriram mão das doutrinas bíblica, e não venderam seus ministérios a indústria “gospel de entretenimento”.
Roger Williams: (1603-1684), foi o primeiro batista a estabelecer uma igreja Batista na America do Norte, era calvinista convicto. Ele fundamentou sua defesa da liberdade religiosa na teologia calvinista. Afirmou ele: “Visto que somente Deus pode outorgar fé, não está no poder de um magistrado ordenar a um homem que creia ou adore de uma maneira particular. A admissão do erro, dentro da sociedade civil, não prejudica a igreja, porquanto nenhum dos eleitos de Deus perecerá”.
Benjamin keach: Tounou-se pastor da igreja Batista de Horsleydown, Londres, em 1668. Ele foi um dos instrumentos da elaboração da Segunda Confissão Londrina, de 1689, que é eminentemente forte em sua defesa das doutrinas da graça. Keach ao comentar Mt 20.16 disse: “A eleição para vida eterna é um ato absoluto da graça soberana de Deus, e nada tem a ver com a fé prevista, ou nossa santidade ou nossa obediência, porque a eleição é a causa da nossa fé e santidade, e não a fé e a santidade a causa da nossa eleição”.
John Bunyan: (1628-1688), era um pregador batista na Inglaterra, e autor da famosa obra: O peregrino. Ele também produziu um folheto (ahhh... se Bunyan tivesse um blog!), intitulado Reprobation Asserted (Reprovação Assegurada), publicado em 1674. Nesse folheto, Bunyan declara: “Se os eleitos fossem deixados entregues a si mesmos, eles, pela iniqüidade de seus próprios corações, pereceriam como os demais. Tampouco poderiam, todos os argumentos razoáveis e persuasivos do evangelho de Deus em Cristo, prevalecer, para fazer uma pessoa receber o evangelho e viver...vemos, pois, que também existe a graça da eleição, e essa graça gentilmente predomina e vence o espírito dos escolhidos. Há um remanescente que recebe esta graça; eles são destinados para isso, desde antes da fundação do mundo. Em seu tempo de vida, eles são preservados daquilo que iria arruiná-los, e recebem o poder de abraçar o glorioso evangelho da graça, e paz, e vida”.
Podemos citar tantos outros como: Obadiah Holmes, Isac Backus, Andrew Fuller, William Carey, Luther Rice, Adoniram Judson, Francis Wayland, J. L. Dagg, P. H. Mell, J. P. Boyce, J. B. Tidwell, J. B. Gambrell, W. T. Conner e outros. Porém gostaria de encerrar as citações com as palavras de Spurgeon.
C. H. Spurgeon: (1834-1892), o grande “Príncipe dos Pregadores”, foi pastor do Tabernáculo Metropolitano de Londres. Moyer o descreve como um “evangélico ardiloso, um batista firme e um convicto calvinista” [Moyer. Who Was Who in Church History, pág. 385]. Ele afirmou: "Só usamos o termo ‘Calvinista’ como apelido...A doutrina que chamamos de Calvinismo, é a mesma que encontramos nos escritos de Agostinho, que é a mesma dos escritos do Apóstolo Paulo, que é a mesma ensinada por Cristo...o Calvinismo é o evangelho e nada mais do que o Evangelho"
A Bíblia nos mostra com tanta clareza a realidade dos nossos pecados, e como o homem, não pode promover auto-salvação. Pena que alguns batistas já não conseguem ver mais isso.
No II FORUM ESTADUAL DA Convenção Batista Nacional de São Paulo, realizada em 2009, na Igreja Batista Aba Pai em Barueri, foi abordado como tema: O que nós perdemos, em nossa trajetória? Penso que não estou autorizado a responder essa perguntar, porém tenho certeza que não foi isso que o Pr. Enéas Tognini imaginava ver quando hasteou a bandeira da renovação. É tempo de pranto, de lamentar nossas misérias, como descreve Tiago. É tempo de voltar à simplicidade do evangelho de Cristo, sem modelos, sem métodos, sem técnicas, somente o evangelho, puro e simples.
Somente a Escritura, Somente Cristo, Somente a Graça, Somente a fé e Somente a Deus Glória.
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Os Batistas e a Doutrina da Eleição - Robert B. Selph
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